A queda nas demandas já pode ser sentida por muitos. Uma crise que pegou todos nós de surpresa, agora está afetando a economia mundial e obrigando as empresas a pensarem como se posicionar, como se reinventar. E nenhum conceito traduz melhor o que estamos vivendo como o VUCA.
Estamos presenciando os custos subindo devido à falência de fornecedores críticos se nada for feito pelo governo e se não houver diálogo e renegociação de preços e pagamentos. Mas se você não está familiarizado com o termo, a primeira pergunta que deve estar se fazendo é: o que é VUCA?
O termo VUCA foi criado pelo exército americano nos anos 80 para estudar os ambientes de guerra onde tudo é muito instável, imprevisível! A universidade de Harvard vem estudando há algum tempo esse efeito VUCA no mundo corporativo que tem tido mudanças cada vez mais velozes. E cada letra da sigla possui um significado que traduz bastante esse sentido, veja:
Volatilidade
Uma velocidade de acontecimentos maior do que o previsto. De um dia para o outro as empresas mudaram de venda física para on-line; home office que era um projeto sempre adiado, foi implantado em 3 dias e mudanças tecnológicas sendo aceleradas.
A volatilidade representa a agilidade de uma empresa para reagir ao cenário atual, tirando seus projetos das gavetas, fazendo reunião de conselhos para tomada de decisão de forma rápida, consciente e mais assertiva possível.
Incerteza
Nós podemos notar que está acontecendo uma disrupção e vemos que o mundo está mudando, mas para onde está indo e como?
As políticas, bem como a legislação, taxas e regulações estão criando novos mercados tecnológicos, mas qual irá predominar?
Que irá acontecer com economia local e mundial nos próximos meses?
Esses questionamentos são decorrentes de um cenário incerto e duvidoso, onde muitas dúvidas surgem para sanar problemas, gerenciar crises e motivar a tomada de decisão.
Complexidade
Reagir em um cenário caótico e inteirar de um grande fluxo de dados e informações, ter a capacidade de resposta rápida e lidar com essa diversidade de fatores faz parte de um ambiente complexo.
Enfrentar inúmeras variáveis em um momento como o que estamos vivendo é, sem dúvidas, um grande desafio para todas as empresas.
Ambiguidade
Com esta falta de clareza de destino compõe a última letra do VUCA. Ficamos numa situação muito desconfortável. Temos muitos interesses envolvidos, stakeholders, ONGs, civis, empresários, políticos, países... E ainda é preciso encarar os dilemas internos da empresa que podem quebrar o negócio, se não estivermos alinhados no propósito da companhia.
Vemos de forma mais efetiva mudanças como adoção do home office, o tele trabalho, o crescimento do e-commerce, a colaboração remota e uma liderança horizontal.
Como planejar e construir uma carreira nesse cenário?
O futuro do trabalho será das empresas que tiverem pessoas engajadas, novas tecnologias e máquinas inteligentes trabalhando em parceria para melhorar a produtividade, para inovar e ajudá-las a crescer.
A empresa para combater o mundo VUCA acima precisará de:
Lógica industrial x Lógica digital
A hierarquia verticalizada onde o chefe se via como insubstituível está caindo por terra, uma vez que para termos agilidade precisamos de uma liderança rotativa.
Pessoas são diferentes e produzem de modo peculiar, então a entrega precisa ser mais importante do que a presença com hora marcada em escritórios físicos.
Os organogramas das empresas devem ser muito mais flexíveis para atender a um novo tipo de empregado que pode, inclusive, não ser empregado e sim trabalhar por projeto.
As carreiras numa expectativa de vida mais longeva, serão muito mais curtas, pessoas mudarão de carreiras, tão logo percebam que encerraram o ciclo de aprendizado e felicidade naquele trabalho.
A carreira de 40 anos está dando espaço para uma era de reinvenção. Até porque a empresa também será reinventada em muito menos tempo do que as empresas centenárias do passado.
A sala de aula tradicional está sendo virada de cabeça para baixo. As profissões do futuro nem foram criadas ainda, então como montar uma grade curricular? Tudo que queremos aprender, temos o Google a nossa disposição.
Por isso, as faculdades e consequentemente os professores precisarão mudar, sair do pedestal e nos ajudar a ter uma base sólida, para que saibamos aprender como pensar e como resolver problemas. E juntos possamos traçar nossa jornada de aprendizado constante, que durará a vida toda.
Como anda o seu autoconhecimento?
Uma das dimensões mais importantes da nossa vida profissional e pessoal é o encontro com nós mesmos. E aqui temos alguns questionamentos importantes:
Quanto da sua vida você tem dedicado para refletir sobre você?
Qual o seu objetivo de carreira?
Quais são as suas forças?
Quais as habilidades e competências que precisa desenvolver para chegar onde quer?
Você está disposto a desaprender o que era certo no passado e se reinventar para o novo que está por vir?
Você está aproveitando esse tempo de pandemia para investir em você?
Podemos sair mais fortes se aproveitarmos o tempo e até as dificuldades para nos capacitar. Como estudar sobre transformação digital, pesquisar sobre resiliência, pensamento crítico e adaptabilidade que serão habilidades do profissional do futuro.
E a minha última dica é: monte seu plano de ação! Desenhe seu PDI (plano de desenvolvimento individual) com coragem e sem preguiça! Para isso, você precisa considerar desde seu objetivo de carreira, qual seu momento, quais suas necessidades, quais suas virtudes e projetar lá na frente, no que deseja alcançar.
Estamos juntos nessa, precisamos confiar que vai dar certo. Acredite que esse tempo vai passar e que juntos podemos superar essa crise com coragem, positividade e ação, esteja sempre preparado para os desafios do mercado em tempos de crise.
Valéria Duarte
Diretora de Operações e RH The Fifties, membro do Comitê Estratégico de Pessoas da ANR e conselheira da Escola de RH da Live University. Professora da ING ela é pós-graduada em Gestão de Pessoas e Padrões Gastronômicos pela Anhembi Morumbi.
Soma quase 30 anos de experiência no mercado de foodservice, com foco em gestão operacional do negócio e gestão das pessoas. Foi Gerente de Operações e de Treinamento na Pizza Hut, Gerente de Restaurante no KFC e Gestora de Marketing no McDonald´s.