Semana passada, conversamos aqui no blog a respeito de turnover. E o normal em casos de desligamento, a não ser que seja um corte de funcionários, é que se busque um novo profissional para a equipe. E aí começa o planejamento: quais são as competências exigidas, em quantas fases será o processo, onde será divulgada a vaga...
Porém, não é raro que o desligamento aconteça justamente por uma falha na escolha do profissional contratado, por ele não ser aquilo que a empresa precisava. Então estamos falando mais do que experiências e qualificações, mas sim de um perfil como um todo, que esteja alinhado às ideias e necessidades da empresa.
Uma das estratégias possíveis para se encontrar esse profissional é o candidate persona!
A persona é algo bem comum no universo do marketing. A equipe cria um cliente fictício que represente o perfil do potencial consumidor do seu produto, e monta a sua campanha ou seu conteúdo direcionado para esta pessoa.
A ideia do candidate persona é extremamente semelhante: criar o candidato ideal que a empresa precisa para aquela vaga e a partir daí montar a estratégia de como se comunicar com pessoas que se aproximam deste perfil.
Voltando aos conceitos do marketing, a ideia do candidate persona é bem diferente da escolha de um público alvo, pois este pode não ser tão assertivo.
Um artigo do site holandês Recruit Robin exemplificou essa diferença. Imagine que uma empresa inglesa esteja em busca de um profissional do sexo masculino, com cerca de 70 anos de idade, com dois filhos, saudável, que casou-se duas vezes e que mora em um castelo. Com essa descrição ela pode chegar o Príncipe Charles e ao vocalista do Black Sabbath, Ozzy Osbourne. Totalmente diferentes.
No candidate persona, outras coisas entram na conta além do currículo, experiências e características demográficas. Estamos falando de personalidade, motivações, habilidades, influências, metas...
Primeira coisa que se deve ter em mente é que a criação do candidate persona não é a montagem do candidato ideal. Até porque escolher alguém (seja para um empresa ou para um relacionamento) pautado em ideias pessoais é arriscado.
O que se deve fazer neste primeiro momento é uma pesquisa entre os seus próprios funcionários, afinal aqueles que estão satisfeitos com a empresa é porque se identificam com ela e acreditam na sua cultura.
Também é importante não criar um único perfil. Mesmo que a empresa tenha a mesma missão, visão e valores para todos, o estagiário de criação não vai ter o mesmo perfil do diretor financeiro nem irão receber informações pelo mesmo meio.
Na pesquisa, é importante perguntar aos funcionários o que eles mais gostam no seu trabalho, por que eles gostam de trabalhar ali, o que eles buscam na empresa. O resultado pode ser interessante, pois pode ter mudado desde o seu processo seletivo. Também é interessante questionar o que eles pensam sobre a cultura da empresa, como aproveitam seu tempo livre, coisas que eles tiveram orgulho em fazer, quais são suas metas e objetivos.
Perceba, essas perguntas são totalmente comuns em processos seletivos. Porém, a avaliação dessas respostas são subjetivas. Com a realização da pesquisa entre os empregados, será possível montar um perfil de personalidade pautada naquilo que já faz parte da equipe.
Importante citar também que não pega bem entrar em opiniões ideológicas para não gerar nenhum tipo de viés e buscar promover diversidade na equipe.
Após a pesquisa, também é interessante perguntar ao gestor da vaga qual o tipo de profissional que ele quer na equipe. A ideia é sempre já ter em mente o que busca e não escolher somente entre os perfis que estão no processo seletivo.
Outros pontos que podem ser analisados nesta montagem da persona são quais as vagas que ele já ocupou, quais as empresas onde ele já passou, se ele possui projetos pessoais. É bem comum que as pessoas possam da equipe pode ter passado por vagas e empresas parecidas e isso pode ser descoberto através da pesquisa com a equipe!
O passo seguinte é justamente este, o de observar as tendências. Se é comum entre os diretores um perfil mais ambicioso e muito organizado, isso pode estar no candidate persona. O pessoal da criação é nerd e tem espírito colaborativo, leve isso em conta.
Com estes três passos feitos (pesquisa, interesse do gestor e observar tendências), é hora de montar o perfil da persona, com toda a sua história, características e personalidade, como neste exemplo feito em um artigo do site Talking Talent by Be Amery.
Vale lembrar que nada disso que você planejou e criou precisa estar no job description, mas é ótimo para você ter um norte no processo de escolha e ter menos subjetividade, além disso, pode ser um primeiro e importante passo na construção do employer branding da empresa.