A título preliminar, é importante fazermos um contraponto com os TCCs acadêmicos para elucidar o modelo adotado na Live University. Para entender como funciona o trabalho de conclusão de curso na Live, leia esse artigo. Pois bem, Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, monografia, trata-se de uma construção que segue um rigor com fundamentação epistemológica, estrutural e metodológica. Normalmente, são pautados pela NBR 14724, norma para produção de trabalhos acadêmicos da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT. Por meio de mecanismos de reflexão, orientação e acompanhamento busca o abranger os saberes pedagógicos e epistemológicos que são cruciais para a sua realização, que segue um rigor técnico-científico e, desta forma, enaltecer benefícios não só para ele, mas, sobretudo, para a sociedade em geral.
O termo – monografia, teve origem no século XIX e foi utilizado pela primeira vez por Pierre-Guillaume-Frédéric Le Play (1806 – 1882) a partir de um método de ciências sociais. Contudo, o sentido etimológico é preservado até os dias atuais: do grego, monós (um só) e grafhein (escrever), ou seja, um só assunto. Entretanto, em 1980, no Brasil, o TCC se consolidou como prática acadêmica, principalmente para os cursos de Direito, Serviço Social e Psicologia, regidos pela NBR 14724, norma para produção de trabalhos acadêmicos da ABNT.
A monografia deve ser feita com foco na disciplina estudada sob orientação de orientador ou coordenador. A universidade brasileira sofreu influência da universidade napoleônica, que recebeu esta identificação após a lei de maio de 1806 complementada pelo decreto de março de 1808 que, segundo Anastasiou “os cursos se organizavam com um período básico e outro profissionalizante, separando a teoria da prática”.
Agora que você foi introduzido às questões relacionadas aos Trabalhos de Conclusão de Curso, vamos focar no tema central do artigo. A universidade no Brasil sofreu influência direta de dois modelos: o francês, modelo napoleônico, e o alemão, modelo humboldtiano e, indiretamente, o modelo norte-americano assentado em princípios de eficiência e de produtividade.
O modelo francês inspirou-se no Auguste Comte (1798 – 1857), fundador do positivismo, e outros dois teóricos. Na primeira metade do século XIX, contextualizada pelo capitalismo nacional, a maior referência do modelo francês-napoleônico é refletido pela Universidade de Paris, criada com processos de racionalidade e autonomia, em 1806. Basicamente fundamentada pela filosofia moderna, que possibilitou a conscientização da capacidade racional do homem, sendo esta a característica técnico-científica mais marcante, pois enaltecia a razão como a única capaz de dar significado e sentido à realidade. Outro fato importante de ressaltar é que o modelo era regido pelo forte traço de centralização estatal e era desenvolvido para formar profissionais para o próprio Estado.
Já o modelo alemão foi constituído sob influência de Wilhelm von Humboldt (1767-1835) e outros teóricos, tendo como maior referência a Universidade de Berlim, que foi criada em 1810 – também à luz pela filosofia moderna iniciada por Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770 - 1831) e difundida por outros filólogos. Entretanto, no contexto de capitalismo nacional e do Estado-Nação. Nesse sentido, Humboldt ajudou a conceituar e institucionalizar a academia alemã sob pilares, como: preocupação com a pesquisa (ensino/ investigação científica), formação humanista em vez de tão somente profissionalizante e autonomia da universidade diante do Estado e poderes políticos.
Tanto o modelo napoleônico quanto o humboldtiano são claramente distintos em suas características, porém, ambos foram formados e institucionalizados sob o berço da modernidade que começava a imperar no início do século XIX e chegaram ao Brasil no inicio do século XX. Em 1930, a criação da Universidade de São Paulo - USP, sob o decreto n. 6.283/34, art. 2º, assentada sob os conceitos do modelo alemão, e a criação da Universidade do Rio de Janeiro, em 1920, por meio do Decreto n. 14.343 do Governo Federal, conceituada sob o modelo profissionalizante francês.
Ao longo do desenvolvimento dos conceitos que alicerçam podemos dizer que, no Brasil, não há um modelo único de universidade. Na época do império, houve tentativas de criar modelos de universidades brasileiras alheia às influencias, mas todas sucumbiram.
ANASTASIOU, Léa das G. C.; ALVES, Leonir Pessate. (Org.). Processos de ensinagem na universidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. 7.ed. Joinville, SC: UNIVILLE, 2007. p. 47-67
LÜCKMANN, L. C. Pressupostos da modernidade e a universidade brasileira: um novo marco conceitual para a Universidade do Oeste de Santa Catarina. Joaçaba: Ed. Unoesc, 2007.
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