Quantas vezes já não ficamos dias, ou até semanas, dedicados a superar uma fase que considerávamos impossível em um jogo? Desistíamos várias vezes no meio do caminho e prometíamos nunca mais tornar a jogar, mas alguma coisa nos chamava de volta e cedíamos à pressão... Nada como aquela sensação de vitória!
Se você nunca passou por situação semelhante, provavelmente faz parte do grupo que olhava torto para essas pessoas, imaginando como alguém pode passar tanto tempo em frente a uma tela – isso quando não estava mandando (seu filho) já para o quarto!
De um modo ou de outro, temos de admitir que os jogos são, no mínimo, intrigantes, já que têm a capacidade de reter nossa atenção como poucas outras coisas na vida. Mas por quê? Talvez pelo fato de apresentarem, sempre, um desafio a ser superado, incitando uma característica natural do ser humano: a busca por competição.
Se eles têm esse poder sobre as pessoas, pode-se usá-los – ou pelo menos seus mecanismos – para outros fins. Por que não criar desafios dentro das empresas para engajar os colaboradores em algum projeto?
Gamification
Pois é! Essas técnicas já existem e, se bem aplicadas, podem trazer resultados incríveis. São conhecidas como gamification ou gamificação e realizadas com diferentes objetivos.
Antes de elencá-los, porém, é importante esclarecer uma confusão bastante comum. Quando se ouve gamification, a suposição lógica é que seja a criação de games para um propósito de negócio. Na verdade, consiste em aplicar técnicas características dos jogos em processos já existentes, mas que não são tradicionalmente ligados a games. Por exemplo: um aplicativo de celular, visando a estimular seus usuários a acessá-lo cada vez mais, poderia inserir um boneco virtual que evolui de nível conforme algumas missões são cumpridas.
A indústria de gamification cresce a índices estratosféricos, muito acima de quase todas as outras. Dados da consultoria MarketsandMarkets estimam que ela chegue a valer, em 2018, U$ 5,5 bilhões. É uma tendência que dificilmente será revertida, pois os resultados apresentados por sua aplicação são expressivos.
Essas ferramentas podem ser utilizadas, por exemplo, para aumentar o nível de engajamento dos colaboradores – o que comprovadamente traz aumento de produtividade e de satisfação com o trabalho –, para treiná-los a usar um novo software, para estimular mudança de hábitos, no processo de recrutamento e seleção e em muitas outras vertentes de negócio.
Confira, abaixo, exemplos práticos de como pode ser aplicado o gamification nas empresas!
Mudança de comportamento
Suponha que determinada área de uma empresa que tem grande parte de sua demanda no período da manhã esteja passando por um problema com seus funcionários, que, embora cumpram a jornada diária de trabalho, chegam mais tarde do que deveriam e não estão lá no momento em que mais são requisitados.
É claro que você pode imaginar que o chefe deve simplesmente puxar a orelha deles e, caso haja recorrência, demiti-los. Mas existem maneiras de solucionar o problema sem criar atritos que desgastam a relação e desestimulam os colaboradores. É aí que entra o gamification: por que não incentivá-los a chegar no horário por meio de técnicas de jogos?
Isso pode se feito de diversas maneiras. Uma ideia possível seria criar “fases” que devem ser superadas de acordo com a frequência deles. Por exemplo: aquele que conseguir chegar durante uma semana, todos os dias, no horário, atinge a segunda fase. Se faltar um dia, deve retornar à primeira. Os que conseguirem finalizar o jogo são bonificados com uma hora extra!
Recrutamento e seleção
Se você precisa contratar um gerente para sua empresa e já tem todos os requisitos que espera do funcionário, provavelmente vai realizar aquele processo seletivo tradicional, com provas, dinâmicas e entrevistas, já que, afinal, sempre gerou bons resultados, não é?!
Que tal tentar usar aí também o gamification? Vamos supor que a principal característica que se espera desse futuro gerente seja a distribuição correta de tarefas para sua equipe com a alocação precisa dos recursos necessários à execução delas. Uma técnica interessante seria propor um jogo aos candidatos – de lego, por exemplo – em que só existisse uma forma correta de dividir as peças entre os personagens (que representam os funcionários) para que o objetivo fosse atingido.
Se nenhum deles for capaz de fazer como se espera, talvez seja interessante repensar a contratação...
Treinamento
Outra situação hipotética: os funcionários de uma empresa estão tendo performance muito aquém da meta e precisam ser treinados. Novamente, os métodos tradicionais estarão à disposição e podem ser utilizados, bem como os puxões de orelha e as demissões nunca sairão de moda. De qualquer modo, é sempre interessante buscar alternativas a esse desgaste.
A proposta, claro, é o uso do gamification! Cabe aos líderes da equipe preparar, por exemplo, alguns quizes, que devem ser respondidos diariamente pela equipe, com questões que, caso acertadas, indicam as práticas certas para o atingimento da meta ou apontam os possíveis erros que vêm sendo cometidos. Os funcionários com os melhores resultados podem ser reconhecidos na intranet, em um ranking.
Engajamento
Talvez a forma menos tangível de aplicação da gamificação, mas sem dúvida uma das que traz melhores resultados. Engajar os colaboradores nem sempre é tarefa fácil, por isso pode ser muito interessante recorrer a essa ferramenta.
Aproximar os funcionários da história, da missão e dos valores da empresa pode reforçar a identificação deles com a marca e torná-los mais propensos a divulgá-la e trabalhar por ela. Pode-se fazer isso por meio de jogos que simulem a trajetória da companhia no mercado, por exemplo, desafiando-os a acertar as datas dos principais acontecimentos e como as decisões estavam de acordo com os princípios da empresa.
Os funcionários com melhores resultados podem ser premiados com viagens para a sede da companhia para conhecer de perto como tudo começou (claro, no caso de uma multinacional).
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Seria possível utilizar o gamification em sua empresa? Crie analogias dos jogos apresentados e conte-nos como foi!